sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fique de pés descalços mesmo, é melhor...

‎" Insistir naquilo que já não existe é como calçar um sapato que não te cabe mais ... machuca, causa bolhas, chega a carne viva e sangra. Então é melhor ficar descalço. Deixar livre o coração, enquanto vive. Deixar livre os pés, enquanto cresce. Porque quando a gente cresce, o número muda! Às vezes você tem que esquecer o que você QUER pra começar a entender o que você MERECE."

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cazuza..

"Alguém entra na sua vida, rouba seu tempo, destrói sua confiança, agride sua auto-estima, estilhaça o pouco que resta da sua esperança no amor. E sai ileso. Não adianta desperdiçar sofrimento por quem não merece. É como escrever poemas em papel higiênico e limpar o cu com os sentimentos mais nobres."

(Cazuza)

Não se acostume com o que não o faz feliz, ...

"Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!"

(Fernando Pessoa)

Pra refletir!


A vida me ensinou…
A dizer adeus as pessoas que amo sem tira-las do meu coração..
Sorrir as pessoas que nao gostam de mim para mostra-las que sou diferente do que elas pensam..
Fazer de conta que tudo está bem quando isso nao é verdade para eu acreditar que tudo vai mudar…
Calar-me para ouvir…
Aprender com meus erros..afinal eu posso ser sempre melhor..
A lutar contra injustiças..
Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores pro mundo..
A ser forte quando os que amo estão com problemas..
Ser carinhosa com todos que precisam do meu carinho…
ouvir a todos que so precisam desabafar…
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações de desafetos…
Perdoar incondicionalmente, pois ja precisei desse perdão..
Amar incondicionalmente,pois também preciso desse amor..
A alegrar a quem precisa..
A perdir perdão…
A sonhar acordada…
A acordar pra realidade(sempre que fosse necessário)
A aproveitar cada instante de felicidade…
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar..
Me ensinou a ter olhos pra “ver e ouvir estrelas”,embora nem sempre consiga entende-las…
A ver o encanto do por do sol…
A sentir a dor do adeus, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser..
A abrir minhas janelas para o amor…
A nao temer o futuro..
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usa-lo como um diamante que eu mesma tenha que lapidar, dando forma da maneira que eu escolher…

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Se a gente quiser, a gente APAGA!

‎"Sempre gostei de usar lápis. Sempre gostei de poder reescrever sem ter que riscar. É fácil passar borracha. Meu coração é escrito á lápis. Apago nomes, escrevo outros, apago e reescrevo quantas vezes eu quiser. Sempre achei que meu coração não falava comigo, que não me obedecia, que não me queria, quanta bobagem! Na verdade eu escrevo sem perceber e apago sem querer. O coração é meu e de ninguém. Sofrer não é desculpa de não controlar, é desculpa de não saber que pode apagar, porque quando a gente quer...a gente apaga!"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Aprendendo...

 - Aprendi que amores eternos podem acabar em uma noite e que grandes amigos podem se tornar grandes inimigos. 
 - Aprendi que o amor, sozinho, não tem a força que imaginei. Que ouvir aos outros é o melhor remédio e o pior veneno e que a gente nunca conhece uma pessoa de verdade, afinal gastamos uma vida inteira para conhecer a nós mesmos.
 - Aprendi que os poucos amigos que te apóiam na queda, são muito mais fortes do que os muitos que te empurram. Também aprendi que o “nunca mais“ nunca se cumpre e que o “para sempre“ sempre acaba.  - Aprendi que minha família com suas 1000 diferenças, está sempre aqui quando eu preciso, que ainda não inventaram nada melhor do que colo de mãe desde que o mundo é mundo e que vou sempre me surpreender, seja com os outros ou comigo.
 - Aprendi que vou cair e levantar milhões de vezes... e ainda não vou ter aprendido tudo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Periférico

Pareço um sapo cego dando uma linguada no ar, não vejo o inseto, mas sei que ele está lá. Molho o ar na espera de lamber sua coxa, a pele com menos pêlos atrás do seu joelho. Lamber sua virilha, sentir seu cheiro, brincar com seu umbigo perfeito e boquiaberto por causa da barriguinha. Quem sabe descobrir alguma sujeirinha ali no umbigo, um resto de algodão, um resto de salgadinho vagabundo, um resto de prazer. Eu te amava depois do banho, eu te amava indo trabalhar sujo de mim, eu te amava humano e eu te amava, sobretudo, alienígena e com sono de sentir a vida.
Sinto saudades de respirar o mais profundo possível, como já escrevi antes, perto de sua nuca. E descobrir novidades sem nome e sem solução.
 Sinto saudades de me perder tentando entender de que tanto você sorria, de que tanto você brilhava, de que tanto você se perdia e se escondia. 
Peço licença ao meu ódio tão feio e tão infinito para te amar só mais uma vez. Quero te amar sozinha aqui, na minha casa, em minha quase nova vida. Quero esquecer todo o nada que você representa e dar contorno aos desenhos que não saem da minha cabeça. Nunca entendi seu coração, nunca entendi seus olhos, nunca entendi suas pernas, mas só por hoje queria poder lamber sua fumaça para que ela permanecesse mais, pesasse mais. 
É libertador esquecer meu desejo de vingança, a vontade que tenho de explodir sua vida, o vício que tenho de passar mil vezes por dia, em pensamento, ao seu lado. E pisar em cima da sua inexistência e liberdade. Chega disso, só pelo tempo em que durarem estas letras e a música que coloco para reviver você, vou te amar mais esta vez. Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre
Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como podia ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava. 
Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo. Ainda assim, há meses, há séculos que se arrastam deixando tudo adulto demais, morto demais, simples demais, exato e triste demais, eu sinto sua falta com se tivesse perdido meu braço direito. 
Esse amor periférico, ainda que não me deixe descoberto o peito, me descobre os buracos. Não são de suas palavras que sinto falta. Não é da sua voz meio burralda e do seu bocejo alto demais para me calar e me implorar menos sentimentos. Não é, tampouco, do seu abraço. Sua presença sempre deixou lacunas e friagens que zumbiam macabramente entre tantas frestas sem encaixe. 
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existe morte para o que nunca nasceu. 
Sinto falta mesmo, para maior desespero e inconformismo do meu coração metido a profundo, de lamber suas coxas, a pele mais lisa atrás dos joelhos. Lamber sua virilha, sentir seu cheiro, brincar com seu umbigo, respirar sua nuca, engolir sua simplicidade, me rasgar com sua banalidade, calar sua estupidez, respirar seu ronco, tocar sua inexistência, espirrar com sua fumaça. 
Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo. 
Simplesmente isso. Você, uma pessoa sem poesia, sem dor, sem assunto para agüentar o silêncio, sem alma para agüentar apenas a nossa presença, sem tempo para que o tempo parasse. Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza. 
Sinto falta da raiva, disfarçada em desprezo, que você tinha em nunca me fazer feliz, sinto falta da certeza de que tudo estava errado, mas do corpo sem forças para fugir, sinto falta do cheiro de morte que carregávamos enquanto ainda era possível velar seu corpo ao meu lado, sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinta falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, de não dar conta, de não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter. 
Prometi não tentar entender e apenas sentir, sentir mais uma vez, sentir apenas a falta de lamber suas coxas, a pele lisa, o joelho, a nuca, o umbigo, a virilha, as sujeiras. Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria
.






(Tati Bernardi)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

É assim...

“No fundo, mesmo lendo tanto, pensando tanto e filosofando tanto, a gente gosta mesmo é de quem é simples e feliz. A gente não se apaixona por ninguém que vive reclamando e amassando jornais contra a parede. A gente se apaixona por esses tipinhos banais que vivem rindo. E a gente se pergunta: que é que ele tem que brilha tanto? Que é que ele tem que quando chega ofusca todo o resto? Como é que dá pra ser feliz nesse mundo? Vence quem passa por essa vida rindo. E se o preço que se paga por ser um pouco feliz é ser um pouco idiota, dane-se.”
(Tati Bernardi)










sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"Paixão de um Lado Só"

"O pior de tudo é sentir seu cheiro, ver os contornos de sua boca, o modo como você sorri, o modo como você olha, seus olhos apertados. É ver sua mão macia, alva e gelada próxima a minha, é conviver com esse cheiro embriagante que entra, roda e sai a todo segundo no meu pensamento e não poder fazer absolutamente nada. 

É sentir uma trava que começa na confusão entre dar um passo ou ficar parada, é sentir esse bloqueio e saber que essa linha imaginária que separa sua boca da minha existe de verdade. E é saber que só você pode tirá-la com uma decisão. Não precisará de tesouras ou de tratores, um "sim" e nada mais.

O pior de tudo é saber que mais uma vez eu vou embora com uma vontade que não me deixa dormir ou sem entender que músicas foram feitas para todos os corações e não só para o meu. É saber que esse cheiro vai perdurar até a próxima vez que eu esbarrar em você e ter a certeza de que as últimas gotas dele em mim continuaram fiéis ao seu real perfume.

É ter que contar os dias e fazer planos para dois sem que o outro ao menos sonhe, é desviar rotas, fazer renúncias anônimas e fingir que foi tudo uma coincidência. Dar aquele sorriso e dizer que sou a pessoa mais feliz do mundo sem você, sem seu beijo que nunca tive, enquanto a alma implora por um murcho abraço.

O pior de tudo é saber que eu não deveria fazer nada ou sentir nada, mas faço. É não ter o direito de cobrar uma doação tão grande. Não ter o direito de dizer que aquela é a nossa música, uma vez que só eu a ouço. É não ter a certeza se isso vai passar amanhã ou se nunca vai passar, é ter o medo de quando poderei te ver numa troca de olhares com uma pessoa alheia.

O pior de tudo é não saber se você sabe ou não que sonho com o dia que essa linha imaginária vai desaparecer. É não saber se, pra você, isso faz, pelo menos, alguma diferença."

(*MikaMPedrosa*)

sábado, 20 de agosto de 2011

Anykson Monteiro...

Amei tanto você...sinto tanto a sua falta, minha vida nunca mais será a mesma, não te esqueço um dia se quer, nunca me imaginei sem você....NUNCA! NUNCA pensei que torcesse tanto pra uma coisa ter sido um sonho, ou melhor, um pesadelo, nunca torci tanto pra uma coisa ser mentira, que você ta viajando, que você foi pra Alagoas e que logo mais ta voltando no "7205" ou "bola preta, como você chamava... ele não tem mais graça sem você, a joão cordeiro não tem mais graça sem vc, eu não fico mais na calçada sentada só esperando você passar milhões de vezes, passava horas ali sentada naquela calçada só esperando pra vê você, nem que fosse de longe passando ali na rua ao lado, já estava satisfeita só em te ver.

Você se foi sem falar comigo, se foi sem me dizer nem um simples "Adeus!", nenhuma palavra de conforto, nem um simples "Até breve!"....um olhar, um carinho...minha vida não é mais a mesma!

Muitos disseram que essa era a única maneira de você sair da minha vida, eu imagino e creio que eles estavam errados, porque mesmo você não estando aqui, mesmo você não ocupando mais um espaço na terra vc sempre, SEMPREEEE vai está aqui comigo, na minha vida, nos meus pensamentos na minha história, isso ninguém NUNCA vai poder arrancar de mim, você vai ser o único eterno, tinhamos nossas diferenças, mas sei que você me amava, a sua maneira, mas amava, não da maneira que eu sempre quis, da maneira que eu sempre sonhei um dia que você pudesse vir a me amar, mas você me amava.... nem q fosse como amiga, como confidente, como companheira, como o que fosse... por mais que eu tenha dito que não, mas você me fazia BEM, você dava motivo pra eu acordar e lembrar de você, pensar em você, assim como dá até hoje.... tenho certeza que se antes não tinha um dia pra eu não pensar em você, pra eu não falar em você, pra eu não falar COM você, hoje você e todos tenham a certeza que TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA eu lembro de você, eu penso em você. As vezes me pego parada pensando em tudo o que a gente viveu, em tudo que passamos juntos, em todos os momentos tristes e felizes que vivi ao seu lado, como tudo começou (Que eu disse a você que o primeiro beijo da gente tinha sido na calçada do cartório e você teimou comigo que não tinha sido, tinha sido ali no beco de Chico da Bomba e ainda disse mais que tinha sido a força que eu não queria, e eu ainda fiquei rindo de você dizendo que você tava louco, mas eu descobri lendo a minha agenda, depois que você morreu, que você tava certo, foi lá o nosso primeiro beijo no dia 17 de Novembro de 1999 e desde lá caminhamos entre distâncias, obstáculos e diferenças muitas vezes juntos e muitas vezes separados, como dizíamos sempre, Á nossa maneira! Infelizmente não tive tempo de te dizer pessoalmente que você tava certo, e é por essas e por outras coisas que eu tenho certeza que essas duas palavrinhas NÓS DOIS significava algo pra você.) Me pego pensando em todos os beijos, em todos os abraços, em todas as vezes que você fazia com que eu me sentisse a mulher mais feliz do mundo...
Eu NUNCA vou esquecer o que você foi e o que representou na minha vida, NUNCA... pq eu amei você de um jeito único, e dizem que cada amor que temos na vida amamos de uma forma diferente, de uma maneira diferente, uma forma peculiar de amar. EU AMEI VOCÊ... você sabe disso, você sabe o quanto, e vou AMAR o resto dos meus dias, até o último dia, EU TENHO CERTEZA DISSO. Eu sei que você se foi sem nem ao menos dar tempo de acontecer uma reconciliação, de um entendimento entre nós dois, mas eu tenho a CERTEZA tbm que você se foi sem sentir a raiva que estava tentando demonstrar, porque pelo muito que te conheci, pelo tempo de história (Desde os 11 anos de idade) eu sei que não conseguiamos ficar com raiva um do outro por muito tempo e sei que se você tivesse aqui conosco hoje, estariamos bem, como se nada tivesse acontecido.
Eu só queria você aqui comigo por um minuto, pra eu te abraçar e você me dizer que está tudo bem com você, que eu não preciso me preocupar porque você ta num lugar maravilhoso ao lado de uma das pessoas que você mais amou na sua vida, e rezo, rezo pra que você esteja em paz e perdoe todos aqueles que te fizeram mal e te tiraram de nós, porque eu te amoo, e te amarei ETERNAMENTE! "I LOVE YOU TILL THE END!"

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O tempo passou, ...

eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu. Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher que eu acabei me tornando mulher demais para ele. =D

(Tati Bernardi)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O amor.

- Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal. E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto" e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.

Queria eu te dizer Zé, que não sinto NADINHA' =/

No domingo veio o Gustavo. Esse eu confesso que não é o que se pode chamar de irmãozinho, ainda que a gente já tenha tomado muitos banhos juntos. Mas olha, seu Zé, que menino mais fofo: veio me trazer um presente. Uma luminária super bonita, dessas de chão. Você não acha que ele mereceu aquele beijo que eu dei nele no elevador? Eu sei que o senhor viu, sei bem. E sei também que o senhor viu que não foi bem um beijinho inocente. Mas ele não merece? Um presente bacana desses, veja só! O senhor entende, né?
Na terça tava um silêncio danado na rua, a maior paz. E eu sei que acordei o senhor. O senhor tava lá dormindo escondidinho na guarita, não tava? E eu no interfone desesperada pra subir logo. Mas o senhor logo entendeu meu desespero, não foi? Não vou enganar o senhor não, pra esse eu dei mais do que um beijo safado no elevador e uma mordiscana irmã no braço. Pra esse eu dei banho e fiz até torrada no café da manhã. O senhor viu como ele era bonito? Nossa. Ah, o senhor reparou também que ele é bem mais novo do que eu? Caramba, seu Zé, mas tá tão na cara assim? Só porque ele usa o moletom da faculdade? Aliás, que moletom mais cheiroso, seu Zé. Que será que tá acontecendo comigo, heim? Ando muito a fim desses garotinhos que ligam pra avisar a mãe que não vão voltar. Será que é a crise dos 30, Zé? Ou será que já que o cérebro de um de 20 é o mesmo que o de um de 50, então pelo menos vamos ficar com o melhor desempenho na corrida dos 100 metros rasos? Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Uma tora. Um macho.
Na quarta eu não vi o senhor, mas será que o senhor me viu chegando cedinho, com o dia amanhecendo? Balada, Zé. E da boa. Sabe quem tava lá? Esse mesmo. Ele que veio me trazer, o senhor não viu? Ah, o senhor viu? Que vergonha. Eu tava meio caindo pelas beiradas não era? Era sono. Tá, um pouco disso e um pouco daquilo também, mas basicamente sono. O senhor não viu ele indo embora? Então somos dois. Mas vou confessar pro senhor: adoro quando eles vão embora sem me dar nenhum trabalho.
Se eu cobro? Que é isso, seu Zé! Tá louco? Sou menina de família! Escritora, publicitária e a espera de um grande amor. Mas to me divertindo, ué. Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda. Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, to só obedecendo todo mundo.
Não é isso que todo mundo acha super divertido? Beber e fumar, e beber, e fazer sexo sem amor, e beber e fumar e dançar e chegar tarde e envelhecer e não sentir nada? Sabe Zé, no começo doeu não sentir nada. Mas eu consegui. Eu não sinto nada. Nada. Uns vem, uns vão. As garrafas tão lá, ao lado do lixo. As cinzas saem dançando por aí. As minhas vão junto. No dia seguinte eu acordo, tomo um banho, passo protetor solar, sento na minha varanda com o meu jornalzinho e ó: nada. Nadinha. Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa.
Mas hoje é quinta, hoje tem visita. Hoje tem risada alta, tem festinha, tem maquiagem e música. O senhor promete que não me julga, Zé? Eu sei que você se atrapalha, liga aqui pra cima e fica até mudo. São tantos nomes, não é? Mas é só fazer que nem eu: chama todo mundo de “o outro”. Todos são outros. Porque o de verdade, Zé, o de verdade não existe. A gente chora, escreve lá umas poesias profundas, chora, mas um dia a gente acorda e descobre que esse aí não existe não.
Amanhã é sexta, um novo dia. Um novo outro qualquer. Eu queria te dizer que eu sinto muito, Zé. Mas eu não posso te dizer isso porque a verdade é que eu não sinto mais nada. Nadinha, Zé.

Tati Bernardi é cronista do Blônicas.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Cadê a tampa da minha panela, o chinelo do meu pé cansado, a metade da minha laranja?!"

"Eu sempre sinto que "pode ser esse, ou talvez com algumas mudancinhas possa ser esse ou talvez se ele quisesse, poderia ser esse...". Não, isso tá errado. Quero sentir que "é esse".
Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: quero transar com beijo na boca profundo, olhos nos olhos, eu te amo e muita sacanagem, quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, ser carregada no colo, filhos, casinha no campo com cerquinha branca, cachorro e caseiro bacana. Quero sambão com churrasco e as famílias reunidas.

Quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama.

Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso.

Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor.

Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, et, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto brega na sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele, o dinheiro dele (brincadeira...).

Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre.

Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades.

Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina.

Tem que dançar charmoso, ser irônico, ser calmo porém macho (ou seja, não explodir por nada mas também não calar por tudo). Tem que ser meio artista, mas também ter que saber cuidar dos meus problemas burocráticos. Tem que amar tudo o que eu escrevo e me olhar com aquela cara
de "essa mulher é única".
É mais ou menos isso. Achou muito? Claro que não precisa ser exatamente assim, tintim por tintim. Bom, analisando aqui, dá pra tirar umas coisinhas. Deixa eu ver... Resumindo então: tem que dizer que me ama e me amar mesmo, tem que rolar umas sacanagens e Pronto!
E quando eu tiver tudo isso e uma menina boba e invejosa me olhar e pensar que "aquela instituição feliz não passa de uma união solitária de aparências" vou ter pena desse coração solitário que ainda não encontrou o verdadeiro amor."

(TATI BERNARDES)

Tati bernardi'

"(...) Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais...

Mas aí, daqui uns dias.... você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo."