É sentir uma trava que começa na confusão entre dar um passo ou ficar parada, é sentir esse bloqueio e saber que essa linha imaginária que separa sua boca da minha existe de verdade. E é saber que só você pode tirá-la com uma decisão. Não precisará de tesouras ou de tratores, um "sim" e nada mais.
O pior de tudo é saber que mais uma vez eu vou embora com uma vontade que não me deixa dormir ou sem entender que músicas foram feitas para todos os corações e não só para o meu. É saber que esse cheiro vai perdurar até a próxima vez que eu esbarrar em você e ter a certeza de que as últimas gotas dele em mim continuaram fiéis ao seu real perfume.
É ter que contar os dias e fazer planos para dois sem que o outro ao menos sonhe, é desviar rotas, fazer renúncias anônimas e fingir que foi tudo uma coincidência. Dar aquele sorriso e dizer que sou a pessoa mais feliz do mundo sem você, sem seu beijo que nunca tive, enquanto a alma implora por um murcho abraço.
O pior de tudo é saber que eu não deveria fazer nada ou sentir nada, mas faço. É não ter o direito de cobrar uma doação tão grande. Não ter o direito de dizer que aquela é a nossa música, uma vez que só eu a ouço. É não ter a certeza se isso vai passar amanhã ou se nunca vai passar, é ter o medo de quando poderei te ver numa troca de olhares com uma pessoa alheia.
O pior de tudo é não saber se você sabe ou não que sonho com o dia que essa linha imaginária vai desaparecer. É não saber se, pra você, isso faz, pelo menos, alguma diferença."
(*MikaMPedrosa*)