terça-feira, 25 de outubro de 2011

Se a gente quiser, a gente APAGA!

‎"Sempre gostei de usar lápis. Sempre gostei de poder reescrever sem ter que riscar. É fácil passar borracha. Meu coração é escrito á lápis. Apago nomes, escrevo outros, apago e reescrevo quantas vezes eu quiser. Sempre achei que meu coração não falava comigo, que não me obedecia, que não me queria, quanta bobagem! Na verdade eu escrevo sem perceber e apago sem querer. O coração é meu e de ninguém. Sofrer não é desculpa de não controlar, é desculpa de não saber que pode apagar, porque quando a gente quer...a gente apaga!"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Aprendendo...

 - Aprendi que amores eternos podem acabar em uma noite e que grandes amigos podem se tornar grandes inimigos. 
 - Aprendi que o amor, sozinho, não tem a força que imaginei. Que ouvir aos outros é o melhor remédio e o pior veneno e que a gente nunca conhece uma pessoa de verdade, afinal gastamos uma vida inteira para conhecer a nós mesmos.
 - Aprendi que os poucos amigos que te apóiam na queda, são muito mais fortes do que os muitos que te empurram. Também aprendi que o “nunca mais“ nunca se cumpre e que o “para sempre“ sempre acaba.  - Aprendi que minha família com suas 1000 diferenças, está sempre aqui quando eu preciso, que ainda não inventaram nada melhor do que colo de mãe desde que o mundo é mundo e que vou sempre me surpreender, seja com os outros ou comigo.
 - Aprendi que vou cair e levantar milhões de vezes... e ainda não vou ter aprendido tudo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Periférico

Pareço um sapo cego dando uma linguada no ar, não vejo o inseto, mas sei que ele está lá. Molho o ar na espera de lamber sua coxa, a pele com menos pêlos atrás do seu joelho. Lamber sua virilha, sentir seu cheiro, brincar com seu umbigo perfeito e boquiaberto por causa da barriguinha. Quem sabe descobrir alguma sujeirinha ali no umbigo, um resto de algodão, um resto de salgadinho vagabundo, um resto de prazer. Eu te amava depois do banho, eu te amava indo trabalhar sujo de mim, eu te amava humano e eu te amava, sobretudo, alienígena e com sono de sentir a vida.
Sinto saudades de respirar o mais profundo possível, como já escrevi antes, perto de sua nuca. E descobrir novidades sem nome e sem solução.
 Sinto saudades de me perder tentando entender de que tanto você sorria, de que tanto você brilhava, de que tanto você se perdia e se escondia. 
Peço licença ao meu ódio tão feio e tão infinito para te amar só mais uma vez. Quero te amar sozinha aqui, na minha casa, em minha quase nova vida. Quero esquecer todo o nada que você representa e dar contorno aos desenhos que não saem da minha cabeça. Nunca entendi seu coração, nunca entendi seus olhos, nunca entendi suas pernas, mas só por hoje queria poder lamber sua fumaça para que ela permanecesse mais, pesasse mais. 
É libertador esquecer meu desejo de vingança, a vontade que tenho de explodir sua vida, o vício que tenho de passar mil vezes por dia, em pensamento, ao seu lado. E pisar em cima da sua inexistência e liberdade. Chega disso, só pelo tempo em que durarem estas letras e a música que coloco para reviver você, vou te amar mais esta vez. Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre
Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como podia ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava. 
Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo. Ainda assim, há meses, há séculos que se arrastam deixando tudo adulto demais, morto demais, simples demais, exato e triste demais, eu sinto sua falta com se tivesse perdido meu braço direito. 
Esse amor periférico, ainda que não me deixe descoberto o peito, me descobre os buracos. Não são de suas palavras que sinto falta. Não é da sua voz meio burralda e do seu bocejo alto demais para me calar e me implorar menos sentimentos. Não é, tampouco, do seu abraço. Sua presença sempre deixou lacunas e friagens que zumbiam macabramente entre tantas frestas sem encaixe. 
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existe morte para o que nunca nasceu. 
Sinto falta mesmo, para maior desespero e inconformismo do meu coração metido a profundo, de lamber suas coxas, a pele mais lisa atrás dos joelhos. Lamber sua virilha, sentir seu cheiro, brincar com seu umbigo, respirar sua nuca, engolir sua simplicidade, me rasgar com sua banalidade, calar sua estupidez, respirar seu ronco, tocar sua inexistência, espirrar com sua fumaça. 
Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo. 
Simplesmente isso. Você, uma pessoa sem poesia, sem dor, sem assunto para agüentar o silêncio, sem alma para agüentar apenas a nossa presença, sem tempo para que o tempo parasse. Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza. 
Sinto falta da raiva, disfarçada em desprezo, que você tinha em nunca me fazer feliz, sinto falta da certeza de que tudo estava errado, mas do corpo sem forças para fugir, sinto falta do cheiro de morte que carregávamos enquanto ainda era possível velar seu corpo ao meu lado, sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinta falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, de não dar conta, de não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter. 
Prometi não tentar entender e apenas sentir, sentir mais uma vez, sentir apenas a falta de lamber suas coxas, a pele lisa, o joelho, a nuca, o umbigo, a virilha, as sujeiras. Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria
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(Tati Bernardi)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

É assim...

“No fundo, mesmo lendo tanto, pensando tanto e filosofando tanto, a gente gosta mesmo é de quem é simples e feliz. A gente não se apaixona por ninguém que vive reclamando e amassando jornais contra a parede. A gente se apaixona por esses tipinhos banais que vivem rindo. E a gente se pergunta: que é que ele tem que brilha tanto? Que é que ele tem que quando chega ofusca todo o resto? Como é que dá pra ser feliz nesse mundo? Vence quem passa por essa vida rindo. E se o preço que se paga por ser um pouco feliz é ser um pouco idiota, dane-se.”
(Tati Bernardi)